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Considerações sobre as lentes afroamericanas: a performance do palhaço da folia

28/01/2010 Comentários desativados

Ausonia Bernardes Monteiro
doutora em
UNIRIO e Faculdade Angel Vianna

resumo A natureza teatral das ritualizações das sociedades humanas, desenvolvida pelos Estudos da Performance com Schechner (1988) e Turner (1982), leva-nos a entender o ritual da Folia de Reis como uma encenação religiosa e dramática, que, regulada no tempo e no espaço, apresenta eventos e cria rituais festivos em seus percursos.

Neste estudo que propomos destacamos especialmente o palhaço da Folia de Reis como intérprete deste drama ritual, que estabelece uma relação de atuar com papéis e desempenhos calcados na re-criação de acontecimentos e de personagens, atualizando-os temporalmente, usando o próprio corpo enquanto campo de trabalho. Na sua ação, observamos que o palhaço da Folia de Reis é identificado alternadamente com Herodes, ou um dos seus soldados; com o diabo propriamente dito; com o Exu, com o espírito que guarda a Folia nas encruzilhadas das estradas; ou simplesmente com qualquer brincante, que está credenciado a explicitar o lúdico dentro do cotidiano da sua comunidade.

O palhaço da Folia, instituído no âmbito dos cruzamentos entre as representações das religiosidades e das artes dos afro-descendentes, desvencilhando-se da capa de produtos estilizados e folclóricos, Ligiéro (2004), compõe com sua teatralidade do cotidiano a criação de espaços na sociedade brasileira, ao mesmo tempo que é tema de festa e apresenta-se como comportamento humano performático. Desejamos propor a discussão sobre a dança do palhaço da Folia enquanto linguagem corporal capaz de provocar dinâmicas e sentidos específicos, de criar novos espaços de percepção relacionados a dança cênica e a apropriação do corpo na sua diversidade cultural. O que nos aproxima sobremodo das observações de Carvalho (1996) sobre as comunidades negras brasileiras, forçadas a se tornarem invisíveis, simbólica e socialmente para sobreviverem, e que hoje se expressam, atestando a sua capacidade de fazer, e de “trazer as coisas à existência”.

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