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Archive for the ‘sessão 1’ Category

A estética dos contrastes no carnaval das escolas de samba: a continuidade no espetáculo da mudança

28/01/2010 Comentários desativados

Renata de Sá Gonçalves
doutora em antropologia cultural
bolsista PRODOC/Capes
Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia | Universidade Federal do Rio de Janeiro

resumo Mestre-sala e porta-bandeira, únicos qualificados a portarem o maior símbolo de uma escola de samba, exaltam a imagem de um casal de nobres bailando um minueto. No solo ritual em que carros alegóricos, alas, bateria evoluem linearmente, uma conotação estética específica do casal, que gira com a bandeira, engendra interações de respeito, modos nobres e tradicionais de se comunicar e de se relacionar. Para a análise dessa performance, usarei a idéia dos contrastes e dos interstícios presentes na dança do casal em relação ao próprio idioma do desfile carnavalesco. No plano da temporalidade, pretendo demonstrar como a atuação do mestre-sala e da porta-bandeira propõe uma conversa entre diferentes modos de temporalidade e problematiza ritualmente a própria idéia da duração de uma tradição. Cabe investigar nos sentidos dados pela performance do casal o lugar crítico e surpreendente desse elemento de permanência. Os níveis de significação da passagem do tempo promovem a reflexão sobre o risco da existência da escola e, por isso, a cada ano, é necessário “defender a sua bandeira”. Tal defesa não se faz de modo agressivo, mas de maneira bela e emocionante, aquela que ao longo dos carnavais produziu uma “criatividade conservadora”.

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Liminaridade e inversão no carnaval do Sul

28/01/2010 Comentários desativados

Thiago Silva de Amorim Jesus
doutorando em ciências da linguagem | Universidade do Sul de Santa Catarina

resumo O presente trabalho integra a pesquisa final do Curso de Mestrado em Ciências da Linguagem do PPGCL da Universidade do Sul de Santa Catarina, realizado com subsídio parcial de Bolsa CAPES-PROSUP, entre julho de 2007 e abril de 2009, com pesquisa nas cidades de Uruguaiana e Pelotas – Rio Grande do Sul. Trata-se de um estudo exploratório de caráter descritivo e analítico que se apoiou no método antropológico de investigação (observação participante). Objetivou-se uma análise para compreender de que modo o carnaval engendra a noção de liminaridade, organizando-se mediante ritos preliminares, liminares e pós-liminares; e, também, pretendeu-se investigar como o princípio da inversão se apresenta como mecanismo articulador neste contexto ritual. Para tanto, tomou-se como base as contribuições de Arnold Van Gennep e Victor Turner, e também de Roberto Da Matta. A idéia de liminaridade pode ser constatada pelo relato dos sujeitos quando os mesmos se utilizam de termos como imprecisão, passagem, dificuldade de definição, invisibilidade e transição para definir como se sentem durante o desfile, características peculiares à condição liminar. Sobre inversão, vale considerar que se trata de um mecanismo próprio do carnaval, o qual apresenta uma série de inversões, sendo uma das que mais chama à atenção a inversão constituída entre o desfilante e a figura que ele representa (trabalhador – rei; homem – mulher), fazendo com que o carnaval possa ser entendido como um rito de inversões.

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Os liminares dentro da liminaridade: matutos e feiticeiras nas performances dos Pássaros Juninos de Belém (PA)

28/01/2010 Comentários desativados

Eliane Suelen Oliveira da Silva
mestranda em antropologia
bolsista Cnpq
Universidade Federal do Pará

resumo Os Pássaros Juninos ou Melodrama-Fantasia são uma brincadeira popular paraense que, composta pelo conjunto de teatro, música e dança, é apresentada em espaços públicos e privados durante a época junina. Os papéis brincados são de nobres, índios, matutos, feiticeiras e seres encantados, além do pássaro e do caçador, que tenta abater o animal. As tramas passeiam entre o melodrama e o cômico, abordando questões como família, conflitos amorosos e religiosidade. A partir de instrumentais teórico-metodológicos propostos por Victor Turner em sua antropologia da performance, o objetivo da comunicação será o de prestar reflexões sobre esta brincadeira, destacando uma análise de personagens que possuem condutas liminares nas narrativas brincadas: os matutos e as feiticeiras. Os primeiros, que agregam comicidade às histórias, são zombeteiros, medrosos e repletos de vícios, mormente sexuais, expressos em diálogos que exploram o duplo sentido e a subversão. Ao mesmo tempo são ingênuos e facilmente manipuláveis, sobretudo pelas feiticeiras. Estas, por sua vez, são mulheres poderosas e vaidosas, que amedrontam e seduzem simultaneamente. Através da prática de rituais, que evocam a pajelança e a umbanda, promovem tanto benesses quanto desordem social. Trata-se, portanto, de uma análise dos liminares (matutos e feiticeiras) dentro da liminaridade (performances dos pássaros juninos), onde sugiro, subsidiada por Turner, que tal brincadeira é uma agência de reflexividade sobre a cultura paraense.

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O modo de produção familiar do carnaval de curitibano: qualidade e performance na avenida

28/01/2010 Comentários desativados

Vanessa Maria Rodrigues Viacava
mestranda em antropologia social
Universidade Federal do Paraná

resumo As pesquisas realizadas ao longo de 2008 nos levaram a pensar o carnaval da cidade nos termos definidos por Victor Turner, como um drama social. Entre as narrativas acerca do carnaval curitibano nos chamou a atenção um recorrente assunto: o relacionamento das escolas de samba e a Fundação Cultural de Curitiba. Em diversas conversas os cartolas, bambas e foliões enfatizaram a falta de apoio da prefeitura e a ausência de uma infra-estrutura para o carnaval na cidade. As escolas não possuem barracões nem quadras de ensaio e Curitiba não tem sambódromo. Esses seriam os motivos para a baixa qualidade estética do carnaval de Curitiba e o pouco interesse da população local em prestigiar o evento na avenida Cândido de Abreu. A escassa verba cedida pela FCC para as escolas de samba promove uma organização bastante específica de se fazer carnaval: um modo de produção familiar. O estilo do carnaval curitibano pode ser definido como familiar e se contrapõe ao padrão carioca de carnaval-negócio. Para essa comunicação pensamos em apresentar os bastidores do carnaval curitibano de 2009 a partir de seu modo de produção familiar. Nossa preocupação se coloca na busca da qualidade estética e como essa qualidade pode significar qualificação do carnaval na cidade. Para tais questões, nos aproximamos das discussões de Turner & Schechner sobre as diferenças entre competência e performance.

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Carnaval curitibano: o “lugar” do popular na metrópole

28/01/2010 Comentários desativados

Caroline Glodes Blum
graduanda em ciências sociais
Universidade Federal do Paraná

resumo Através de uma pesquisa etnográfica, realizada desde 2008 nos espaços de barracão e ensaios das escolas de samba de Curitiba e região metropolitana, acompanhamos o período de preparação para o desfile do carnaval, observando as especificidades deste modo de produção carnavalesco: as escolas transitam entre um modo de produção “familiar” e “comunitário” em direção à uma intenção e primeiras iniciativas de “profissionalização”. Foi possível acompanhar as mediações culturais para a sua feitura e experiência popular, observando os processos internos de circulação de alguns profissionais entre as escolas de samba, constituindo “redes” produtivas, sociais e culturais, ao mesmo tempo em que se constroem. Tomamos o desfile das escolas como um exemplo dramático de uma festa popular na capital paranaense, que se multiplica em diversos discursos, criando uma “arena” de confrontos. Mostra-se muito produtivo pensar o carnaval como performance, ou, como uma prática que calcula o lugar olhado das coisas, apresentando-se não apenas como uma prática festiva e tradicional, mas principalmente “reflexiva” para os grupos populares e para observadores que pretendem interpretá-lo. O desfile carnavalesco propõe uma série de diálogos, internos e externos às escolas, com o Estado e com a “cidade”, na medida em que invade seu centro e toma conta da “arena pública/palco”, mesmo que por algumas horas, emergindo dramas sociais, que permeiam as relações e experiências cotidianas de seus membros.

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A arte do efêmero: apontamentos sobre o Carnaval como símbolo e cinza no Rio de Janeiro

28/01/2010 Comentários desativados

Nilton Silva dos Santos
doutor em antropologia e sociologia
Departamento de Antropologia | Universidade Federal Fluminense

resumo Partindo de minha pesquisa sobre o universo do Carnaval na cidade do Rio de Janeiro, particularmente sobre a atuação dos carnavalescos nas escolas de samba, pretendemos entender as dimensões dramáticas envolvidas neste fenômeno.

Nos seus primórdios o carnaval no Brasil foi perseguido pelos poderes públicos até ser, recentemente, erigido como símbolo da competência dos artífices e populares na arte momesca. No entanto, apesar de seu destaque social e dos incentivos governamentais diversos ele ainda é feito como arte efêmera, consumida no momento do desfile e descartada imediatamente.

Nossa intenção nesta comunicação é entender como o trabalho de carnavalescos, artesãos diversos e comunidades populares, sintetizado no desfile da Passarela do Samba (Avenida Marquês de Sapucaí), põem em cena inúmeros aspectos relativos às ambigüidades/tensões da sociedade brasileira.

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