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Archive for the ‘[2] mesas redondas’ Category

Festas amazônicas e portuguesas em meio urbano: jogo e segredo

Sérgio Ivan Gil Braga
Universidade Federal do Amazonas [UFAM]

resumo A abordagem que estamos propondo neste texto refere-se a festas religiosas e populares promovidas em meio urbano nas seguintes cidades da Amazônia: Parintins, Estado do Amazonas, festival de Pastorinhas; Itacoatiara, Estado do Amazonas, festa do Divino Espírito Santo do bairro da Colônia; Alter do Chão, Estado do Pará, festival do Sairé; e Macapá, Estado do Amapá, Marabaixo à época do Divino Espírito Santo. Em Portugal tomamos como comparação e análise com as festas da Amazônia, outras cidades e respectivos eventos: Lisboa, festa de Santo Antônio, em especial o desfile das Marchas na avenida Liberdade, procissão e arraial no bairro da Alfama; Porto, festa de São João; Vila Nova de Gaia, festa de São João; e Ilha Terceira, Açores, festa do Divino Espírito Santo. Todas estas festas, com exceção das Pastorinhas, que estaria circunscrita ao ciclo de reis, estão relacionadas a Pentecostes (ciclo do Divino Espírito Santo) e ao ciclo junino que na Amazônia e no hemisfério norte europeu correspondem ao solstício de verão. As dimensões antropológicas do jogo e do segredo, percebidas enquanto relações jocosas são enfatizadas neste texto com base em Radcliffe-Brown (1973), Turner (1980; 1988) e Richard Schechner (2000).

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A Sociologia Dança: Um experimento em samba de gafieira

14/03/2010 Comentários desativados

João Gabriel L. C. Teixeira
Laboratório Transdisciplinar em Estudos da Performance [Transe]
Departamento de Sociologia
Universidade de Brasília

resumo Artificação em samba de gafieira, realizada com alunos de graduação em ciências sociais na Universidade de Brasília. Uma brincadeira de salão evocando o retorno de uma atuação malandra no campo da comicidade e na alegria de viver. Quem canta seus males espanta. Quem dança a seus pares encanta. Um mexido no xumbrego, um mergulho na fantasia do chamego. Estudantina, Elite e Democráticos sejamos todos nós, transeuntes, transcendentes e transeiros. E Viva a Noite!

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Rivalidade e afeição: sobre homens e bois-bumbás

Maria Laura Cavalcanti
Universidade Federal do Rio de Janeiro [UFRJ]

resumo À luz de questões das teorias do ritual e com base em material etnográfico sobre o festival de Parintins/Amazonas, o trabalho explora a análise das emoções e afeições em contextos festivos agonísticos que promovem intensas experiências corporais. Examinar-se-á em especial os processos de simbolização e as performances festivas compreendidos como contextos coletivos e padronizados de experiência e expressão de emoções, afeições e sentimentos, que vinculam intensamente grupos de pessoas a grupos de símbolos produzindo simultaneamente fortes sentimentos de rivalidade com grupos do mesmo tipo. O caso dos Bumbás de Parintins é visto como caso limite e exemplar da troca agonística nos circuitos da cultura popular, pois a competição ocorre apenas entre dois contendores exacerbando os sentimentos de identificação e de rivalidade.

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Imagens e in-corporações. Uma reflexão sobre o teatro experimental

14/03/2010 Comentários desativados

Selma Baptista
Universidade Federal do Paraná [UFPR]

resumo este texto reflete sobre a relação criada entre as metáforas sugeridas por imagens (pinturas, fotografias) e as “imagens” criadas a partir delas nas experiências corporais do teatro “experimental”. A questão central parece ser a(s) maneira(s) com que a cultura se “inscreve” no corpo humano enquanto objeto de arte, dentro das especificidades culturais. Tratar-se-ia da questão do “embodiment”, ou, nas palavras de T. Csordas, “the existencial condition of cultural life”. Por outro lado, sugere um interessante “diálogo” entre linguagens artísticas, que, como coloca Carlo Ginzburg, pode ser pensado como uma manifestação atual da tradição da ekphrasis.

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Teatro, Palimpsesto e Duplicidades

14/03/2010 Comentários desativados

Robson Corrêa de Camargo
Universidade Federal de Goiás
Rede Goiana de Pesquisa Performances Culturais
Máskara – Núcleo Transdisciplinar de Pesquisa

resumo O objetivo da presente apresentação é discutir questões intrínsecas a análise do espetáculo teatral, confrontando-o com alguns conceito da antropologia, da crítica de arte e da teatral. Nas últimas décadas do século XX o termo “performance” tem sido operacionalizado em diferentes áreas do conhecimento, inclusive o das artes cênicas, neste sentido pretende-se cotejar as questões relativas a performance sob a luz da prática teatral, fazendo um movimento que observa o fenômeno teatral e seus parâmetros de análise e tenta discutir a utilização de alguns dos recorrentes conceitos de “performance”.

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Arte e ciência, criação e crítica, teoria e prática em artes do espetáculo: a perspectiva transdisciplinar da etnocenologia

14/03/2010 Comentários desativados

Armindo Bião
Universidade Federal da Bahia

resumo Buscando situar-se na área de conhecimento das artes do espetáculo, a etnocenologia, proposta em 1995, com o lançamento de um manifesto, como se fora um movimento artístico, e a realização de um colóquio internacional, na UNESCO, em Paris, tem se desenvolvido no meio acadêmico francês, sobretudo nas Universidades de Paris Nord Villetaneuse Saint Denis (a antiga Vincenne Paris VIII Saint Denis) e de Nice Sophia Antipolis e brasileiro, notadamente nas Universidades Federais da Bahia, de Minas Gerais, de Brasília e do Pará. Em 14 anos, foram realizados seis colóquios internacionais, na França, no México e no Brasil, e defendidas várias teses de doutorado, gerando a criação, em 2007, do Grupo de Trabalho de Etnocenologia da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas – ABRACE e, em 2008, da Société française d’ethnoscénologie. Esta proposição transdisciplinar tenta promover o diálogo das artes da cena com as ciências humanas e sociais aplicadas, bem como com as neurociências, articulando praticantes e teóricos, criação e crítica e integrando os meios profissionais das artes do espetáculo com o universo da academia. Um projeto de pesquisa em andamento (CNPq, 2008/ 2011) servirá de exemplo dessa perspectiva multi-inter-transdisciplinar, da qual um histórico e um breve panorama epistemo-metodológico também serão apresentados.

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Contar o passado, confabular o presente: a construção da história nas narrativas de preto-velhos

14/03/2010 Comentários desativados

Vânia Z. Cardoso
Departamento de Antropologia | Programa de Pós-graduação em Antropologia Social
Universidade Federal de Santa Catarina

resumo Em festas em torno do dia 13 de maio e em giras que acontecem durante todo o ano nos terreiros e centros ao redor da cidade do Rio de Janeiro, o som dos atabaques e dos pontos cantados clamam pela chegada dos espíritos dos preto-velhos. Oferecendo conselhos e ouvindo confidências, compartilhando a feijoada das festas, dançando e trabalhando para curar seus filhos, os pretos velhos envolvem aqueles que lhes procuram na própria sociabilidade onde seus poderes de conceder proteção aos que dela necessitam ganham sentido e se tornam eficazes. Ser implicado nesta sociabilidade é também adentrar o emaranhado de uma constelação de memórias, de atos e de estórias.
Estórias sobre o passado, sobre marcas efêmeras da presença dos preto-velhos e inscrições de suas ausências, estas narrativas entremeiam os rituais e o cotidiano, e são elas mesmas entremeadas por outras estórias. Tais estórias não estão enquadradas como eventos de performance de um narrador, e a poética local resiste à sua textualização enquanto estórias dissociadas da socialidade da performance narrativa. Aqui me volto para estas estórias como traços do passado que se insinuam no presente através das performances do narrar. O contar de estórias sobre os preto-velhos não se deixa apreender em um sistema de narrativa histórica, mas se insinua por entre as frestas daquele sistema. Como a iluminação profana de que nos fala Benjamin, tais estórias interrompem o fluxo da história e produzem um espaço de tenso confabular. Neste narrar não é uma (outra) verdade histórica que se constrói, mas fragmentos do passado e traços do presente, saturados por múltiplos imaginários de raça e de nação, que são conjurados pelas performances do contar e encorporados pela presença dos espíritos.

Reflexões etnomusicológicas sobre o estudo de performance das formas voco-sonoras em fontes silenciosas

14/03/2010 Comentários desativados

Maria Elizabeth Lucas
Universidade Federal do Rio Grande do Sul [UFRGS]

resumo Nesta comunicação pretendo problematizar a experiência como etnomusicóloga de adentrar nos estudos de performance/performatividade através do tratamento etnográfico de formas voco-sonoras em fontes silenciosas. Refiro-me em especial a problematização de um corpus empírico de eventos rituais e xamânicos envolvendo brancos, africanos e mestiços no espaço Atlântico do século XVIII, construído a partir de narrativas e diálogos extraídos de processos da Inquisição Portuguesa em que não obstante o seu “silêncio” no registro escrito, passam a ecoar quando tratados desde a perspectiva de um “performative turn” analítico.

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