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Archive for the ‘sessão 2’ Category

Folias do Divino: um cortejo em performance ritual

28/01/2010 Comentários desativados

Jorge das Graças Veloso
doutor em artes cênicas
Universidade de Brasília

resumo Trata-se este de um estudo sobre o que poderiam ser definidos como invenção performática de novas práticas tradicionais em ritos espetaculares religiosos no entorno do Distrito Federal. Partindo de reflexões advindas dos processos de retradicionalização, são localizados, nesse ambiente, vários movimentos de criação de novas performances rituais, ou mesmo de re-significação de outras, antes consideradas extintas. Desdobramento das pesquisas concluídas em 2005, com a defesa da tese A Visita do Divino, é esta comunicação um debruçar-se sobre a criação de uma nova Folia do Divino Espírito Santo, no meio rural de Novo Gama – GO., a 30 km de Brasília. Este ritual segue os moldes da “recriação” das cavalhadas, não praticadas desde o início do Séc. XX, e da implantação de uma Procissão do Fogaréu, ambas em Luziânia, município também visinho ao DF. A Folia do Divino da Fazenda Choramar obedece aos mesmos princípios de um cortejo que, em procissões e evoluções espetaculares, vai de morada em morada até completar um giro de 360 graus, por dezenas de quilômetros, durante três dias. Ali, seus participantes, montados em seus cavalos, levam suas orações, seu espetáculo e sua fé, traduzidos em performance, individual e coletiva, em troca de pouso, comida e bebida, donativos ao santo e espaço para suas festas.

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Identidade Açoreana através das Festas do Espírito Santo

28/01/2010 Comentários desativados

Gyorgy Henyei Neto
graduado em ciências sociais
Universidade Federal de São Carlos

resumo As festas do Espírito Santo são conhecidas como uma prática tradicional na região dos Açores. Tal evento é capaz de produzir uma noção de identidade regional dos Açores, tanto quanto seu corpo social. Enquanto trabalha para ser incluído como uma parte de Portugal, membro de seu ambiente cultural, os Açoreanos procuram se construir, criando sua identidade, como “os melhores Portugueses”.
A partir de uma fonte de razão simbólica, a identidade Açoreana pode ser manufaturada para ser, em um mesmo corpo social, “o mesmo e o diferente”, enquanto cria sua identidade através de técnicas corporais, interpretando o meio e a herança culturais, entendendo os símbolos e os significados destes símbolios, a noção de pessoa, de self, de outro e de “grupo de semelhança”, a sociedade, utilizando sua cultura e razão simbólica, é capaz de produzir a identidade individual e a identidade dentro do “grupo de semelhança”.
O Festival do Espírito Santo começa sete dias depois do dia de Páscoa. Existem diversos símbolos, ritos e mitos que podem ser compreendidos como uma dádiva a Deus, ou ao Santo. A Dádiva – como Marcel Mauss descreveu a troca ritual e simbólica de bens e relações – que é mais comumente visto no festival é o pão e as sopas do Espírito Santo. Que são distribuídos para o povo como uma lembrança da distribuição de alimento aos pobres pela Rainha Isabel. Portanto, pode ser dito que uma identidade, trazida de volta pela herança cultural, tradição e razão simbólica, expressa os valores e noções do povo Açoreano.

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Folia e fé: performance e identidade nas festas de Santos Reis em João Pinheiro (MG)

28/01/2010 Comentários desativados

Maria Célia da Silva Gonçalves
doutoranda em sociologia
TRANSE | Universidade de Brasília

resumo Esse trabalho objetiva investigar como a Teatralidade e a Performance Ritual da Folia de Reis escrevem as memórias ligadas à religiosidade dos foliões do município de João Pinheiro-MG. Participar das Folias de Reis implica sair do cotidiano e viver o contexto da partilha, do encontro, por meio do ritual da festa. A performance dos foliões apresenta uma linguagem que faz surgir as mais diversas leituras e interpretações. A festa é um lugar de memória coletiva, em que a identidade de cada um se constrói/reconstrói intermediada pela arte popular. O corpo do folião é lúdico e também um corpo ritual, sacralizado, que sabe o valor da religiosidade repassada de geração a geração por meio da oralidade. A cada apresentação, esses conhecimentos são reinterpretados, (re)siginificados e, assim, preservam a memória coletiva e a tradição deste povo. O emprego das técnicas etnográficas se justifica por acreditar que o pesquisador deve mergulhar no universo pesquisado, buscando muito além do ver, ele deve vivenciar as práticas culturais de seus narradores.

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A máscara e sua força simbólica: um breve estudo etnográfico

28/01/2010 Comentários desativados

Renato Mendonça Barreto da Silva
mestrando em artes visuais
Programa de Pós-graduação em Artes Visuais | Universidade Federal do Rio de Janeiro

resumo Este presente trabalho promove um breve olhar sobre o campo de pesquisa, ocorrido em Dezembro de 2008, na cidade Muqui – ES, com a finalidade de alicerçar algumas dúvidas sobre como se manifesta a relação do Palhaço da Folia de Reis com a materialidade da máscara e como sua imaterialidade promove interferência na formação identitária do sujeito. Entendendo a máscara como objeto constituinte da performace do palhaço, indicaremos uma breve concepção teórica do conceito de máscara e como ela se manifesta em diferentes culturas, e como a cultura estabelece formas de se observar a máscara dos palhaços da Folia de Reis que tem com base empírica a apreciação etnográfica que evidencia os aspectos malignos da máscara e sua relação com a igreja da cidade.

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Considerações sobre as lentes afroamericanas: a performance do palhaço da folia

28/01/2010 Comentários desativados

Ausonia Bernardes Monteiro
doutora em
UNIRIO e Faculdade Angel Vianna

resumo A natureza teatral das ritualizações das sociedades humanas, desenvolvida pelos Estudos da Performance com Schechner (1988) e Turner (1982), leva-nos a entender o ritual da Folia de Reis como uma encenação religiosa e dramática, que, regulada no tempo e no espaço, apresenta eventos e cria rituais festivos em seus percursos.

Neste estudo que propomos destacamos especialmente o palhaço da Folia de Reis como intérprete deste drama ritual, que estabelece uma relação de atuar com papéis e desempenhos calcados na re-criação de acontecimentos e de personagens, atualizando-os temporalmente, usando o próprio corpo enquanto campo de trabalho. Na sua ação, observamos que o palhaço da Folia de Reis é identificado alternadamente com Herodes, ou um dos seus soldados; com o diabo propriamente dito; com o Exu, com o espírito que guarda a Folia nas encruzilhadas das estradas; ou simplesmente com qualquer brincante, que está credenciado a explicitar o lúdico dentro do cotidiano da sua comunidade.

O palhaço da Folia, instituído no âmbito dos cruzamentos entre as representações das religiosidades e das artes dos afro-descendentes, desvencilhando-se da capa de produtos estilizados e folclóricos, Ligiéro (2004), compõe com sua teatralidade do cotidiano a criação de espaços na sociedade brasileira, ao mesmo tempo que é tema de festa e apresenta-se como comportamento humano performático. Desejamos propor a discussão sobre a dança do palhaço da Folia enquanto linguagem corporal capaz de provocar dinâmicas e sentidos específicos, de criar novos espaços de percepção relacionados a dança cênica e a apropriação do corpo na sua diversidade cultural. O que nos aproxima sobremodo das observações de Carvalho (1996) sobre as comunidades negras brasileiras, forçadas a se tornarem invisíveis, simbólica e socialmente para sobreviverem, e que hoje se expressam, atestando a sua capacidade de fazer, e de “trazer as coisas à existência”.

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Perigo e criatividade nas performances cômicas de palhaços de folias de reis

28/01/2010 Comentários desativados

Daniel Bitter
doutor em antropologia
Depto. de Antropologia | Universidade Federal Fluminense

resumo Ao sinal do toque acelerado da sanfona e dos instrumentos de percussão, uma extensa roda de animados espectadores se forma, aguardando ansiosamente a entrada do palhaço, personagem mascarado da folia de reis. O palhaço pede licença ao dono da casa para iniciar sua performance espetacular a que todos chamam de brincadeira, na qual este personagem de aparência e gestos assustadores, irreverentes e debochados declama versos rimados e executa virtuosísticas acrobacias.

Em diversas regiões brasileiras, homens, mulheres e crianças se envolvem em amplas teias de reciprocidades sociais, em especial no período natalino, motivados por devoção aos Reis Magos do Oriente, configurando-se as chamadas folias de reis. O palhaço é um personagem marcadamente liminar, presente em algumas dessas manifestações e sua ambivalência simbólica é notória. Por um lado, os palhaços são associados às idéias de perigo e desordem e a valores moralmente negativos, e por outro, à própria imagem divina dos Magos. Essa ambigüidade evidenciada a partir das exegeses mitológicas e ritualmente nos usos da máscara é uma via privilegiada para a sua performance cômica e criativa.

Procura-se mostrar, por meio de dados etnográficos, que o palhaço exerce uma função ritual operatória central, por meio da qual reafirma-se valores e concepções cosmológicas fundamentais, bem como abre-se uma via para a renovação e emergência de novas idéias.

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