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Posts Tagged ‘corpo’

A teatralização das práticas corporais indígenas na contemporaneidade

28/01/2010 Comentários desativados

Arthur Almeida
doutorando em sociologia
Universidade de Brasília

 

resumo Com a intenção de contribuir com o conhecimento sobre o corpo, pretende-se construir uma leitura das práticas corporais indígenas – jogos e brincadeiras – como rituais na contemporaneidade. A compreensão que se adquire, a partir de autores como: Goffman, Tambiah, Taylor, Cavalcanti, Canclini e Bourdieu, é a de que no atual momento histórico o patrimônio cultural imaterial destes povos tem se constituído em ação performática no sentido de proporcionar uma intervenção estética e política no processo de interação com a sociedade não-indígena. Os fatos empíricos que serviram como fonte de observação das práticas corporais foram a IX e a X edições dos Jogos dos Povos Indígenas realizadas nos anos de 2007 e 2009, respectivamente. As práticas corporais apresentadas durante os eventos constituem um conjunto de expressões que são historicamente construídas e reconstruídas. Entende-se que a interação social fomenta relações onde os símbolos são criados, interpretados, compartilhados e alterados conforme interesses dos agentes envolvidos. Almeja-se, portanto, compreender como se dá a relação entre a ação de teatralizar o conjunto de manifestações corporais indígenas com o discurso político de seus agentes em um contexto interétnico. Tem-se como pressuposto a existência da ressignificação das práticas corporais indígenas à medida que o sentido/significado moderno de espetacularização se faz presente nos Jogos dos Povos Indígenas, engendrando diferentes formas de representação do mundo.

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Artes do corpo, artes da vida, artes da memória: o treinamento cênico na Cia de Theatro Fase 3

28/01/2010 Comentários desativados

Jéssica Hiroko de Oliveira

resumo Nas práticas da Cia de Theatro Fase 3, companhia cujo elenco é formado, em sua maioria, por mulheres com mais de sessenta anos, o corpo não só é suporte para técnicas, ensaios e exercícios de treinamento cênico, mas também, extrapolando a dimensão técnica da interpretação, pode ser entendido como o elo que permite a construção de uma nova linguagem, na medida em que evidencia aspectos subjetivos e das experiências individuais que cada atriz traz e que se fundem na linguagem teatral.
Presentes na memória, estes elementos se mostraram essenciais para as relações tecidas entre cada uma e em relação à cia como um todo: é a partir da experiência em relação ao corpo e à vida que nascem as peças, o desejo de estar no grupo, de produzir espetáculos que demonstrem a beleza no quotidiano e no envelhecimento – etapa da vida comumente atrelada à decadência e feiúra –, e sobretudo, de quebrar a barreira entre o privado – comumente destinado às mulheres e idosos – e o público.
A reconstrução do corpo através do teatro passa a ser uma postura crítica de suas próprias vivências, ultrapassando o caráter individual e compondo uma linguagem teatral ímpar.
Este trabalho deriva da observação participante na oficina realizada pela Cia de Theatro Fase 3, para a montagem do espetáculo Nos Quintais de Quintana, onde se pôde acompanhar, além do processo de criação da peça, pelo diretor, o processo de treinamento cênico das atrizes – dentre as quais, imersa experimentalmente, a pesquisadora.

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Um espetáculo de violência na ponta do dedo: cortes e recortes de um gesto performático

28/01/2010 Comentários desativados

Scott Head
doutor em antropologia
GESTO | Universidade Federal de Santa Catarina

resumo No trabalho proposto, pretendo lidar com um sutil gesto performático que sintetiza o que antes era tido como um vasto espetáculo de violência. Este gesto, que se realiza no jogo ritualizado e luta dançada hoje conhecida como Capoeira Angola, sensivelmente reconecta o jogo a imagens históricas das gangues de capoeiras que uma vez aterrorizavam os pedestres ‘respeitáveis’ nas ruas da cidade do Rio de Janeiro: no caso, o gesto de cortar o pescoço do adversário com a ponta do dedo, como se fosse uma navalha – a arma preferida dos temidos capoeiras do passado. Fazendo uso da distinção de Diana Taylor (2003) entre ‘repertório’ e ‘arquivo’, ressalto a importância da forma sensível tomada por atos de rememoração, sejam estes gestuais, narrados, escritos e/ou imagéticos. No caso, longe de tratar o arquivo histórico como oferecendo uma representação mais ‘fiel’ à realidade histórica referida pelo gesto do corte no jogo da capoeira, trato ambos como formas distintas de apresentar, reinventar, e questionar a própria ‘realidade’ da violência (física e/ou simbólica) sendo retratada. Ao justapor ‘imagens’ do arquivo escrito com outras do repertório gestual da capoeira, busco ressaltar a ambivalência contida nas frestas entre corpo e signo, entre um ato lúdico e um espetáculo da violência, e entre a materialização performática de um certo imaginário social e a figuração ‘imagética’ da própria história.

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“Ó Abre Alas…”: a construção da dramaturgia e a preparação do corpo carnavalesco para as performances da Comissão de Frente

28/01/2010 Comentários desativados

Yaskara Manzini
doutoranda em artes cênicas
Programa de Pós-graduação em Artes | Instituto de Artes | Universidade Estadual de Campinas

resumo Inúmeros trabalhos foram escritos sobre o carnaval brasileiro, entretanto, poucos pesquisadores dedicaram-se a estudar a dramaturgia nos desfiles das escolas de samba e a preparação do corpo do folião para a performance carnavalesca.
Apesar de existirem aproximações entre as artes cênicas e o desfile carnavalesco, conceitos e modos de operação pertinentes as artes do palco são re-elaborados e re-conceituados nas escolas de samba.
O propósito desta comunicação é refletir sobre a construção de dramaturgias e preparação corporal dos componentes da Comissão de Frente, da escola de samba Camisa Verde e Branco, a partir do adentramento da artista-pesquisadora nesta comunidade, em 2001.
A dramaturgia para a construção de performances da ala, nesta escola, dá-se a partir de colagens, cujo suporte é o enredo da escola, seguido por outras camadas como detalhamento do que a ala representa, o samba enredo escolhido e a maneira de cantar o mesmo. Desta forma, a preparação corporal é criada, re-inventada de maneira que dialogue com a criação dramatúrgica. Outrossim, há de se considerar que, no caso específico da Camisa Verde e Branco, o folião que compõe a ala é gente comum, pertencente à comunidade, sem aproximação com as artes cênicas, para os quais o desfile é festa, alegria, mas principalmente, responsabilidade (pela nota) e amor ao Pavilhão.

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Rastros

28/01/2010 Comentários desativados

Ary Coelho
graduando em
TRANSE | Universidade de Brasília

resumo A intenção é promover um encontro entre a dança contemporânea e a pintura. Nesta busca e pesquisa, duas linguagens aparentemente díspares levantam dúvidas e questões, entrando numa atmosfera de performance e reflexão. Com movimentos esquematizados, o registro de suas dúvidas e reflexões são constituídas no espaço, a partir de movimentos em constante transformação: são ações cotidianas do corpo transfiguradas para a linguagem poética da dança e da pintura simultaneamente dando um ritmo coreográfico composto com liberdade de improvisação, mesmo tendo uma estrutura pré-elaborada. O processo criativo é visibilizado ao público presente na dança em seus movimentos e na pintura como ocupação do espaço. Os movimentos de ambos performers se transmutam em campos de sensibilidade na qual os movimentos articulados se misturam no desafio no desejo da criação, para ter sentido, fazer sentido.

 

Luisa Günther
doutoranda em sociologia
Instituto de Artes, Departamento de Artes Visuais | Universidade de Brasília
TRANSE | Universidade de Brasília

resumo Rastros podem ser compreendidos enquanto marcas ou registros. São possibilidades de permanência de algo que já não está mais aonde deveria. As coisas, as pessoas e suas ações, se estendem, se confundem, se emancipam de si mesmas e seguem seu próprio rumo. Seguem adiante ao mesmo tempo em que deixam em torno de si algumas evidências de que estiveram por ali. Afinal, para onde vão os movimentos de uma ação que se transforma em outra? As coreografias são rastros de movimentos que deixaram de ser para se tornarem outros movimentos? Movimentos são marcações para o corpo? Será que o corpo carrega consigo as marcas dos lugares por onde esteve ou dos espaços que já ocupou? A escolha do movimento pode ser a busca de um limite entre a ação e a mesmice, entre uma linguagem e outra. De qualquer forma, movimentos marcam, demarcam e ocupam espaços. Neste contexto o corpo é apenas um desses espaços que marca e é marcado. O corpo, aos poucos, deixa rastros. Deixa extensões de si mesmo em outras materialidades: em suor, em gestos, em respiração.

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O «Teatro das orgias e dos mistérios» de Hermann Nitsch

28/01/2010 Comentários desativados

André Silveira Lage
doutor em literatura francesa
bolsista FAPESP [pós-doutorado]
Departamento de Artes Cênicas| Escola de Comunicações e Artes | Universidade de São Paulo

 

resumo Este artigo pretende apresentar as características principais do « Teatro das orgias e dos mistérios » de Hermann Nitsch, suas origens estéticas e suas implicações históricas, artísticas e filosóficas no contexto da arte austríaca do pós-guerra. Mostrarei o papel determinante do artista na Áustria, “o país da cultura, da mais modernista, de Schönberg a Karl Krauss, de Mach a Wittgenstein, de Freud a Schnitzler, mas também a terra de Hitler” (ONFRAY, 1998, p. 58), bem como as contribuições de suas “Aktions” – termo da língua alemã que denomina a arte da performance dos anos 70 e 80 – na elaboração de um novo conceito de arte, paltado, entre tantos aspectos, na reconciliação da arte e da vida, na releitura dos mistérios da paixão da idade média, nas procissões católicas, na sensualidade espontânea das festas populares, nas formas demoníacas dos velhos ritos de redenção e de fertilidade, na catarsis das grandes festas greco-romanas, ou ainda, num « outro uso estético e ético da carne » – que é um rito performático de esquartejamento e de evisceração da carne animal, um rito sanguinário, dionisíaco, catártico, cruel.

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Ritual e crueldade nas artes do espetáculo: potencialidades de percepção-ação do corpo

28/01/2010 Comentários desativados

Ricardo da Mata Barbosa
graduado em história
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Rodrigo dos Santos Monteiro
graduando em comunicação das artes do corpo
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

resumo A proposta de um teatro ritual, a qual Antonin Artaud dedicou grande parte de sua vida, quando voltada para as artes do espetáculo contemporâneas, permite que sejam feitas aproximações do seu conceito de crueldade com os atuais entendimentos das performances corporais. Crueldade, aqui, expandida dos termos que se voltam para o sofrimento físico ou psicológico, para um campo onde a percepção, entrelaçada com a experiência artística, é um ato potencial da transformação do ser.

Contemporaneamente, devido aos avanços teóricos sobre os estudos do corpo artista – corpo que ultrapassa os domínios da representação e promove (auto) transformação a partir da ação, do ato de perfomar – pode-se dizer que a herança do teatro artaudiano para a produção de espetáculos cênicos contemporâneos, quando embebidos da crueldade, volta-se para a potência que estes trabalhos têm de promover não uma cartase aristotélica, mas uma ressignificação de sentidos para o artista e o espectador. As mudanças ocasionadas vão desde o cognitivo individual de cada um, até a valorização em outros âmbitos da união coletiva.

O espetáculo como um ato performático, e também como um ritual, necessita da relação entre artistas e público para que se desenvolva como tal. Desta forma, o ritual acontece a partir do momento em que, tanto artistas, quanto os não-artistas, se fundem em um acontecimento (happening) visando outras possibilidades de vida em um terreno ainda escuro.

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Experimente em si (mesmo) ou Descartável Você?

28/01/2010 Comentários desativados

Cláudia Schulz
mestranda em artes visuais
Universidade Federal de Santa Maria
Luciana Hartmann
doutora em antropologia social
Universidade Federal de Santa Maria

resumo Experimente em si (mesmo) ou Descartável Você? É um artigo desenvolvido a partir de reflexões sobre o processo de criação e execução da série – composta por três web performances – Dramaturgia da Carne. Na série, o corpo em performance é expandido por meio da transmissão ao vivo das ações performáticas, ampliando e (re)dimensionando o próprio conceito de arte feita ‘ao vivo’, bem como instigando a audiência on-line à interação como forma de co-autoria na construção da dramaturgia do corpo. A partir do encontro entre os corpos proporcionados pelo corpo em performance virtualizado, a experiência resultante desse momento único passa a ser compreendida como uma ação em si mesma, capaz de gerar novos corpos, tanto dos que executam a ação performática quanto dos que são afetados por ela. Assim, a arte da performance desencadeia um processo de trans-formação, anunciando a potencialidade que o corpo tem de ser um sistema relacional aberto, suscetível e cambiante. Para embasar teoricamente essas reflexões teço um diálogo com Richard Schchener, Victor Turner, Le Breton, Pierre Lévy e Eleonora Fabião no intuito de ampliar o conceito de corpo em performance no contexto contemporâneo.

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Considerações sobre as lentes afroamericanas: a performance do palhaço da folia

28/01/2010 Comentários desativados

Ausonia Bernardes Monteiro
doutora em
UNIRIO e Faculdade Angel Vianna

resumo A natureza teatral das ritualizações das sociedades humanas, desenvolvida pelos Estudos da Performance com Schechner (1988) e Turner (1982), leva-nos a entender o ritual da Folia de Reis como uma encenação religiosa e dramática, que, regulada no tempo e no espaço, apresenta eventos e cria rituais festivos em seus percursos.

Neste estudo que propomos destacamos especialmente o palhaço da Folia de Reis como intérprete deste drama ritual, que estabelece uma relação de atuar com papéis e desempenhos calcados na re-criação de acontecimentos e de personagens, atualizando-os temporalmente, usando o próprio corpo enquanto campo de trabalho. Na sua ação, observamos que o palhaço da Folia de Reis é identificado alternadamente com Herodes, ou um dos seus soldados; com o diabo propriamente dito; com o Exu, com o espírito que guarda a Folia nas encruzilhadas das estradas; ou simplesmente com qualquer brincante, que está credenciado a explicitar o lúdico dentro do cotidiano da sua comunidade.

O palhaço da Folia, instituído no âmbito dos cruzamentos entre as representações das religiosidades e das artes dos afro-descendentes, desvencilhando-se da capa de produtos estilizados e folclóricos, Ligiéro (2004), compõe com sua teatralidade do cotidiano a criação de espaços na sociedade brasileira, ao mesmo tempo que é tema de festa e apresenta-se como comportamento humano performático. Desejamos propor a discussão sobre a dança do palhaço da Folia enquanto linguagem corporal capaz de provocar dinâmicas e sentidos específicos, de criar novos espaços de percepção relacionados a dança cênica e a apropriação do corpo na sua diversidade cultural. O que nos aproxima sobremodo das observações de Carvalho (1996) sobre as comunidades negras brasileiras, forçadas a se tornarem invisíveis, simbólica e socialmente para sobreviverem, e que hoje se expressam, atestando a sua capacidade de fazer, e de “trazer as coisas à existência”.

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Os corpos da escrita: corpo e caligrafia japonesa, para além do clichê

28/01/2010 Comentários desativados

Rafael Tadashi Miyashiro
mestre em artes
Instituto de Artes |Universidade de Campinas
Mackenzie
Arthur Lara
doutor em comunicação
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo | Universidade de São Paulo
Anna Paula Gouveia
doutora em arquitetura e urbanismo FAU-USP
Instituto de Artes |Universidade de Campinas

resumo No conceito de mídia primária de Harry Pross, o corpo é considerado a primeira mídia, na qual todas as outras se sobrepõem. No caso da caligrafia japonesa, esse viés traz uma perspectiva muito interessante, porque coloca o corpo no centro de algo que, em geral, é diretamente relacionado às letras e às artes visuais.

Nesse sentido, ganha profundidade a escrita como resultado de um corpo que pensa e faz a caligrafia – e que atualiza anos da história da escrita num momento singular. Esse corpo, no entanto, não é algo serializado e formatado. Inserido num território criativo, onde atuam elementos da cultura japonesa como ma, ki, e kokoro, ele traz uma caligrafia de múltiplas manifestações e intenções, resultado das singularidades de cada calígrafo, o que a afasta, em muito, da caligrafia oriental “clichê”, tão presente na mídia e no imaginário, que tende a chapar tudo num mesmo estado, pretensamente “zen”.

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Identidade(s) em Performance nas Festas de Capela

28/01/2010 Comentários desativados

Márcia Chiamulera
mestranda em ciências sociais
Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais | Universidade Federal de Santa Maria

resumo Este trabalho pretende apresentar e refletir sobre as performances produzidas em Festas de Capela, um tipo específico de festa que se apresenta no contexto rural da região da Quarta Colônia de Imigração Italiana no Rio Grande do Sul. A análise das performances dos organizadores, na situação específica de produção dos alimentos para a festa, será articulada, principalmente, sobre os referenciais de Richard Schechner, incorrendo à noção de comportamento restaurado. Neste sentido, busco indicar a relação que é estabelecida entre as performances produzidas e a identidade do grupo, uma identidade estratégica que é acionada na construção deste tipo de festa. Da percepção da identidade étnica italiana, compreendida como não única nem fixa, emergem elementos que reportam às relações sociais e culturais amparadas numa perspectiva histórica e nas memórias construídas sobre a imigração nesta região. Neste percurso, o corpo se torna um suporte desta cultura, o eixo pelo qual se apresentam as identidades em performance, em especial, a identidade étnica italiana no contexto das Festas de Capela.

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Carne da canção: corpo e performance da palavra cantada no âmbito da música popular

28/01/2010 Comentários desativados

Conrado Vito Rodrigues Falbo
mestre em teoria da literatura

resumo A canção é uma forma artística bastante versátil cuja aparente simplicidade estrutural acaba por revelar um complexo sistema de relações entre palavra, música, corpo e movimento. Buscamos traçar as linhas gerais de uma abordagem analítica da canção popular focada em sua performance, situando o corpo, ou, mais precisamente, os corpos (do intérprete e do público) no centro das questões a serem consideradas na atividade de pesquisa. Encaramos o corpo como dimensão espacial da subjetividade (OSTROWER, 1996), com especial atenção à voz como agente de mediação intra e intersubjetiva (CASTARÈDE, 2004). Em relação à performance, nos aproximamos da noção aberta de “graus de performaticidade” (ZUMTHOR, 2005), baseada nas diversas modalidades de interação entre obra e público, inclusive nos casos onde há mediação tecnológica (SCHAFER, 1994). Esta visão aponta para a performance como importante paradigma estético ao considerar a obra artística em todas as fases de sua existência, levando em conta elementos anteriormente considerados acidentais no processo de significação e revelando tensões valorativas implícitas em certas práticas analíticas. A permanente relevância da canção na sociedade contemporânea e sua adaptabilidade às novas tecnologias a torna emblemática no campo dos estudos da performance, fornecendo subsídios para uma abordagem transdiciplinar tanto do ponto de vista analítico quanto artístico.

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Máscara Neutra: devires e virtualizações

28/01/2010 Comentários desativados

Rodrigo Cardoso Scalari
mestrando em artes
Programa de Pós-graduação em Artes | Universidade Estadual de Campinas

resumo Realizo aqui uma reflexão sobre possíveis relações que o trabalho da Máscara Neutra de Jacques Lecoq pode estabelecer com os conceitos de Virtual e Devir nas acepções dadas por Pierre Levy e Gilles Deleuze. A fim de exercer tais ligações, utilizo de minha experiência pragmática com a técnica, dos escritos de Jacques Lecoq, de escritos sobre a técnica e dos conceitos dos filósofos já referidos. Sob a máscara neutra, o ator é convidado a entrar numa zona de despersonalização onde não só caracteres de sua individualidade como sua própria humanidade antropomórfica devem virtualmente desaparecer para dar vazão a devires não humanos. O corpo do ator transmuta-se em corpo-mar, corpo-vento, corpo-adeus, tendo sua humanidade atual rodeada por virtuais que concretizam imagens-sensações naqueles que observam o ator. Este artigo está relacionado com parte da pesquisa de mestrado deste autor, em andamento no Programa de Pós-graduação em Artes da Unicamp sob orientação do Prof. Dr. Matteo Bonfitto.

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