Entre pedaços de algodão e bailarinas de porcelana: a performance artística do balé clássico como performance de gênero
Tatiana Mielczarski dos Santos
mestre em educação
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
resumo O objetivo desta pesquisa é analisar de que modos a performance artística do balé, que compreende uma série de práticas e significados que lhe conferem sentido, converte-se em performance de gênero, ou seja, estiliza o corpo, repercute na aparência e no comportamento de quem dança, produzindo e reproduzindo maneiras específicas de se viver a masculinidade e a feminilidade. O material empírico foi constituído a partir de entrevistas realizadas com dois grupos de crianças que participam de aulas desse estilo de dança em Porto Alegre. Para a realização da análise, foram utilizados como referenciais teóricos o conceito de performance de Richard Schechner, entre outras contribuições dos Estudos da Performance, bem como alguns referenciais dos Estudos de Gênero e de autores que tratam da história, cultura e pedagogia do balé clássico. As análises foram organizadas em quatro eixos que dizem respeito: 1) à performance do balé; 2) à infância performatizada; 3) às performances do feminino na dança clássica; 4) às discussões deflagradas por meio da observação de imagens relativas ao universo da dança e ao universo infantil estereotipado. A partir dos relatos das crianças, verificou-se que dançar balé (pode) significa(r) dar-se a ver bela e feminina, e que o aprendizado da dança se caracteriza como aprendizado de ser menina. Dessa forma, a rigidez na delimitação de um modo de se viver a masculinidade e a feminilidade pode tanto afastar os meninos da dança, quanto aproximar as meninas ao balé.
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O Cinema da Performance à Performatividade: o Caso do Festival Mix Brasil de Cinema e Vídeo da Diversidade Sexual
Marcos Aurélio da Silva
doutorando em Antropologia
Universidade Federal de Santa Catarina
resumo Aplicar os estudos de performance ao cinema em geral e, particularmente, a um festival de cinema é bastante tentador do ponto de vista das possibilidades que esse campo teórico oferece. O cinema possui todos os elementos rituais da performance (TURNER, 1974 e 1987) e mesmo desdobramentos teóricos mais voltados para a etnografia da fala (BAUMAN, 1977) ou para a performatividade (BUTLER, 1993) são de grande valia nesse percurso etnográfico e teórico. Através da observação de performances e performatividades localizadas no Festival Mix Brasil de Cinema e Vídeo da Diversidade Sexual, realizado anualmente em São Paulo, este trabalho pretende uma discussão das possíveis inter-relações entre os conceitos de performance situados na antropologia e o conceito de performatividade em debate na filosofia contemporânea e na teoria feminista pós-estrutural. Ou seja, ao se buscar uma antropologia da performance de um festival de cinema como o Mix Brasil, voltado para a diversidade sexual, pretende-se o alargamento do conceito antropológico de performance cultural, no sentido de incluir aí uma preocupação com a performatividade, ao mesmo tempo em que é possível oferecer novos elementos aos estudos de comunicação. No que se refere à Antropologia da Comunicação ou do Cinema, vislumbra-se aqui a possibilidade de alargamento dessas áreas com a inserção das teorias da performance, um campo ainda pouco explorado nos estudos dos meios de comunicação.
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Autodeclaração: uma busca pelas construções de significados na trajetória das agentes penitenciárias
Adriana Rezende Faria Taets
mestranda em antropologia social
Programa de Pós Graduação em Antropologia Social | Universidade de São Paulo
resumo Este projeto de pesquisa pretende analisar a trajetória de mulheres que trabalham como agentes penitenciárias para entender quais relações elas constroem entre o que ocorre no cárcere e fora dele. A partir da trajetória das agentes, procurar-se-á compreender as percepções que elas possuem de possíveis fronteiras entre esses contextos, verificando se, para elas, há uma separação entre eles, ou se, pelo contrário, há relações fluídas e marcadas por intensa comunicação. O possível posicionamento das agentes penitenciárias nas margens tanto do cárcere quanto da sociedade externa a ele faz delas personagens privilegiadas para uma melhor compreensão das relações estabelecidas entre esses dois mundos aparentemente excludentes. Procurar-se-á verificar o impacto que a convivência cotidiana das agentes com pessoas que perderam o seu direto à liberdade traz para a formação de identidades profissionais, e para as relações que estabelecem com outros personagens tanto do sistema prisional quanto da sociedade mais ampla. As questões principais que balizarão o desenvolvimento da pesquisa voltam-se para a compreensão da visão que as agentes penitenciárias possuem acerca do seu cotidiano, buscando verificar se para elas a sua trajetória é marcada, ou não, por um cruzamento cotidiano entre dois segmentos que se percebem segregados entre si, e se elas declaram carregar em si os estigmas decorrentes dessa trajetória.
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